Bonsucesso F.C

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quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O PAPEL DOS OBSERVADORES TECNICOS NOS CLUBES DE FUTEBOL

Prognóstico de talentos, subjetivo e extremamente complexo, deve contar com o respaldo de uma abordagem prática e científica

"Fabrício Moreira "

Um dos mais recentes profissionais contratados para compor a equipe de trabalho de base dos clubes brasileiros são os denominados “experts” na detecção e seleção de novos talentos para as grandes agremiações. São os chamados “observadores técnicos”, mais conhecidos no meio esportivo como “olheiros”, responsáveis pela busca cada vez maior por craques para os times secundários.

Nestes casos, os clubes buscam contratar esse tipo de profissional para correr as grandes regiões e seleiros de grandes jogadores do país. São muitas vezes ex-atletas dos próprios clubes que passam a exercer essa função no departamento de base.

No entanto, a sua figura, o seu papel e a sua função como identificador de talentos leva a alguns questionamentos. De que competências devem dispor um observador? Como se baseiam tais competências? Qual deva ser ou não a sua qualificação? Ou, principalmente de quais critérios se baseiam os avaliadores na detecção do talento? Como deverá ser um processo de seleção de jovens atletas para o futebol de competição? Quais variáveis relevantes para determinar o futuro desempenho?

Como se vê, não faltam questões para se discutir sobre o papel e os critérios do campo de atuação do avaliador técnico. Além disso, é preciso entender a fundamentação teórica ou científica sobre os princípios e requisitos utilizados na avaliação de atletas. É indiscutível a importância do avaliador na tomada de decisão no processo de detecção de talentos para o futebol como um todo.

Ora, isso relembra o futebol com preocupação, atendendo ao nível de formação de muitos daqueles que o dirigem, organizam e o realizam.

Desta maneira, vale recorrer ao convite da prefigura sociedade pedagógica (Bento; Garcia; Graça, 1999): porque é inaceitável e é expressão de irracionalidade, de oportunismo e imoralidade a animosidade de muitos treinadores contra a formação, contra o conhecimento, contra as ideias.

A questão é que tal prognóstico de talentos, subjetivo e extremamente complexo que vem sendo realizado por treinadores, professores e avaliadores, tenha o respaldo de uma abordagem prática e científica, que não tem a intenção de substituir a importância dos “experts”, mas sim auxiliar sobremaneira na identificação e formação do talento futebolístico.

Portanto, devem ser elaboradas pesquisas fundamentadas nos critérios de detecção de talentos, em específico no futebol pela relevância cultural no país, por parte das equipes técnicas com referência aos aspectos do treinamento esportivo (bio-psico-sociais): desenvolver capacidades motoras e meios de avaliação e testes específicos; identificar variáveis relevantes e críticas; integrar pesquisadores com os técnicos (teoria e prática); pesquisar a forma dos programas de promoção e seleção de talentos; promover a capacitação e interação dos profissionais na área de formação e promoção de talentos esportivos.

A incerteza da avaliação e variedade de critérios são características do sistema de promoção de talentos. Mesmo o critério de surgimento de desempenho precoce é no máximo avaliado criticamente com um indicador fraco e tido também como o responsável por altas perdas de talentos futuros.

Essa incerteza do prognóstico junto a orientações práticas de ações tem resultados do conhecimento e da experiência, fundamentados na ciência, com significado prático, mediante sucessos em competição.

Vale lembrar que a detecção de talento está ligada diretamente ao processo de treinamento consciente, efetivo, planejado em longo prazo e organizado na integração da promoção do talento.

Nesse processo de desenvolvimento e mudança há a responsabilidade do observador técnico e da equipe de trabalho sob complexidades humanas e técnicas de alto grau de liberdade e quantidade ilimitada de variações com caráter indeterminado.

Essas são algumas das reflexões sobre o papel do observador técnico e seus procedimentos adotados na maneira de captar e formar novos talentos que revestem grande interesse para a investigação.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

FUTEBOL FEMININO NO BRASIL




Quem pensa que futebol feminino é novidade, está muito enganado. Inglaterra e Escócia foram os personagens da primeira partida de futebol entre mulheres, em 1898, em Londres.
No Brasil, a primeira partida de futebol feminino foi realizada em 1921, em São Paulo, onde enfrentaram-se os times das senhoritas catarinenses e tremembeenses.
Mas o que hoje é tão normal para nós levou muito tempo para ser conquistado. Em 1964, o Conselho Nacional de Desportos - CND proibiu a prática do futebol feminino no Brasil. Levou tempo para mudar essa situação. A decisão só foi revogada em 1981. E em 1996 o futebol feminino foi incluído como categoria nas Olimpíadas. O Brasil ficou com o quarto lugar, a mesma colocação que obteve nas Olimpíadas de Sydney, em 2000.


Em 2003, sob o comando do técnico Paulo Gonçalves, as meninas conquistaram a medalha de ouro nos Jogos Panamericanos e também o tetracampeonato sul-americano.
A seleção brasileira conquistou a medalha de ouro do torneio de futebol feminino dos XV Jogos Pan-Americanos Rio-2007.
Foi um fim de filme perfeito. Com tudo saindo conforme o script. Maracanã lotado, festa da torcida na arquibancada, show de Marta em campo, goleada de 5 a 0 sobre os Estados Unidos e medalha de ouro no peito. Ainda que os EUA tenham trazido o time B, isso não diminuiu os méritos das brasileiras. A campanha foi irretocável. As meninas do futebol feminino terminaram a campanha do bicampeonato no Pan-Americano, com seis vitórias em seis jogos. Foram 33 gols marcados e nenhum sofrido. O show foi comandado pela estrela brasileira Marta que fez dois gols e ainda deu passes para outros dois. A melhor jogadora do mundo teve o nome gritado pela torcida e ganhou até uma música durante o segundo tempo. No fim, ela termina o Pan-Americano como melhor jogadora e também artilheira da competição, com 12 gols.

As meninas do futebol deixaram o Estádio Karaiskaki com a medalha de prata no peito, mas fizeram campanha de ouro em Atenas. A derrota por 1 a 0 na prorrogação, depois de empate por 1 a 1 no tempo normal, nesta quinta-feira (26/08), em Atenas, não abalou em nada o desempenho da seleção, que superou inúmeras dificuldades para alcançar o segundo lugar e subir ao pódio pela primeira vez na história.

O fato de terem encarado o poderoso time dos Estados Unidos de igual para igual, e até terem jogado melhor na maior parte do confronto, mostrou a grandeza das jogadoras. Durante a período de preparação e da Olimpíada, elas, que em sua maioria estão desempregadas, receberam a irrisória quantia de R$ 35,00 por dia, além de uma ajuda de custo. As campeãs ganharam cerca de US$ 4 mil mensais nos quatro meses em que ficaram treinando para os Jogos. Ou seja, aproximadamente 11 vezes mais. Pelo título, cada americana vai embolsar US$ 25 mil ou R$ 75 mil, mais do que muitas brasileiras faturaram em toda a carreira.

Na cerimônia de entrega de medalhas, um misto de decepção e alegria. A felicidade pela conquista da inédita medalha. A tristeza pela forma como o Brasil perdeu o ouro. Criou chances para ganhar, foi prejudicado pela arbitragem, pecou em pequenos detalhes e acabou caindo diante de seu maior rival. Em 20 duelos até nesta quinta-feira, os Estados Unidos haviam vencido 17, perdido só um e empatado dois.

"No vestiário, algumas jogadoras choraram, eu tentei levantar o ânimo delas, foi difícil aceitar uma derrota como essa, mas é o futebol", declarou René Simões, visivelmente aborrecido.

O jogo foi digno de uma grande final, com tom dramático do começo ao fim, oportunidades de gol e indefinição até o último segundo. A personalidade das brasileiras em campo foi marcante. Não se intimidaram em nenhum momento contra o "dream team" do futebol feminino, ouro em Atlanta-96 e prata em Sydney-2000, além de vencedor de dois Mundiais, em 1991, na China, e, em 99, em casa.

Se é que existe justiça ou injustiça no esporte, o Brasil, sem dúvida, merecia ter saído como campeão olímpico. O início foi equilibrado e as americanas acabaram acertando o primeiro bom chute, com Lindsay Tarpley, para abrir o placar, aos 39 minutos. A origem do lance, porém, foi irregular. Kristine Lilly passou a bola para a companheira com o braço, mas a juíza Jenny Palmqvist não percebeu.

As sul-americanas não desanimaram e foram em busca do empate. O gol de Pretinha, após excelente jogada de Cristiane, aos 28 da segunda etapa, levantou ainda mais o astral do time e calou a torcida americana, maioria entre os 10 mil espectadores. Até o fim do tempo normal, só o Brasil jogou. Cristiane e Pretinha acertaram a trave da sortuda goleira Briana Scurry, enquanto as rivais não viam a bola.

Os deuses pareciam estar ao lado de Mia Hamm, a famosa atacante norte-americana, de 32 anos, que pendurou as chuteiras assim que acabou a partida. Queriam dar a ela o ouro na despedida.

Antes da prorrogação, um fato curioso. A árbitra Palmqvist torceu o tornozelo direito e foi substituída por Dianne Ferreira-James, da Guiana. E Dianne não entrou bem. Na primeira etapa do tempo extra, não deu um pênalti para o Brasil. Daniela arrematou para o gol. A bola foi desviada pela mão de uma zagueira americana. No fim, faltando 9 minutos para a decisão por pênaltis, Abby Wambach cabeceou com força para dar o ouro aos Estados Unidos, o segundo em três Olimpíadas.

quinta-feira, 11 de março de 2010

PERIODIZAÇÃO NO TREINAMENTO


Macrociclo de treino:
O macrociclo é o planejamento do treinamento das atividades dentro de um tempo pré estabelecido, que possibilite uma resposta fisiológica e morfológica das metas propostas.
Os macrociclos possibilitam possíveis mudanças e/ou adaptações dependendo das respostas morfo-flsiológicas apresentadas pelo atleta ao longo da planificação ou de possíveis alterações que possam ocorrer em relação a enfermidades, viagens, contratempos e outros.
Matveev (1981), apresenta um processo de desenvolvimento da forma desportiva dividida em uma seqüência de três fases: Aquisição, manutenção e perda temporária.
A temporada de treinamento (macrociclo) deve ser dividida em períodos, os quais permitirão que o treinador organize as cargas de treino e as controle.
1.Período Preparatório - E o que assegura o desenvolvimento das capacidades funcionais do organismo do atleta e tem como objetivo resolver as tarefas de aperfeiçoamento de vários aspectos específicos do estado de preparação do atleta. Este período é subdividido em duas etapas : Geral e Especial.
2.Período Competitivo - Neste período devemos compor a estrutura do treino, voltado diretamente para a realização das atividades específicas do esporte e criar condições para a manutenção da forma desportiva.
3.Período Transitório - Este período contribui para a recuperação completa ou parcial da adaptação do organismo do desportista e serve de elo de ligação entre os vários macrociclos de preparação.

Mesociclo de treino:
É um período de treinamento que engloba uma seqüência ordenada de microciclos, caracterizando uma determinada estrutura organizacional dentro de uma periodização. Segundo Dantas (1995) os mesociclos possibilitam a obtenção de um resultado cumulativo das cargas utilizadas em cada microciclo e adequando-as à reação que o organismo do indivíduo é capaz de oferecer no transcurso do tempo.
Para possibilitar um melhor aproveitamento das cargas de treino e conseqüentemente, a preparação para os mesociclos posteriores, a duração dos mesociclos devem ser de 3 a 6 semanas.

O Mesociclo apresenta uma série de características que nos permitem classificá-lo:

Lugar do mesociclo no sistema de treino; Tipos de microciclo que compõem o conteúdo do mesociclo;
Composição dos tipos de treinos aplicados no mesociclo;
Aplicação sistemática das cargas e sua dinâmica do mesociclo.
Podemos classificar os Mesociclos em:

1) Incorporação ( adaptação ) - É utilizado no início do período de preparação, visando possibilitar a passagem do atleta da situação de repouso ativo para a de treinamento. Para o mesociclo de incorporação, é característica a intensidade relativamente baixa com aumento gradual do volume geral de exercícios.
2) Básico - Este nome generalizado reúne alguns tipos de mesociclos, nos quais se realiza o principal trabalho de treino quanto ao aperfeiçoamento de diversos aspectos da preparação do atleta. Os estímulos utilizados deverão propiciar uma nova adaptação do estado morfofuncional do atleta.
3) Estabilizador - Visa à consolidação das mudanças obtidas anteriormente, que são asseguradas pela redução insignificante ou a estabilização da grandeza alcançada antes das cargas.
4) Preparatório de Controle - E geralmente com este mesociclo que termina o período preparatório. O trabalho de treino é combinado com a participação em competições (por vezes unidas numa série de partidas), que desempenham a função preparatória de controle. Os problemas detectados deverão ser de pronto atacados de forma a não prejudicar as performances futuras esperadas.
5) Pré-competitivo - É empregado antes de competições muito importantes e apenas para atletas de alta qualificação. Procura, através da aplicação maciça de cargas importantes e períodos relativamente amplos de recuperação, provocar uma quebra na razão de crescimento do condicionamento do atleta conduzindo-o a patamares mais elevados de performance.
6) Competitivo - Não possui estrutura pré-estabelecida, pois as exigências da periodização se subordinam às necessidades de performance.
7) Transição - Visa principiar a recuperação metabólica e psicológica adequadas, por meio de uma recuperação ativa.

Microciclo de treino:
Representa um somatório de sessões de treinamento em um período normalmente utilizado de uma semana. O número de sessões em um microciclo varia de três a oito vezes, dependendo da condição física inicial do atleta e do objetivo do programa.
A distribuição das sessões ao longo da semana, depende do tempo disponível do atleta e do intervalo de recuperação. Os microciclos podem ser subdivididos e compreendidos como:
1. Adaptação ou Incorporação - É caracterizado por uma intensidade de trabalho entre 40 a 60% de um possível máximo apresentado pelo atleta. E normalmente utilizado no início do programa de condicionamento físico e serve como preparação do aparelho cardiovascular e neuromotor à cargas de intensidade superiores.
2. Desenvolvimento ou ordinário — Visa provocar adaptações orgânicas desejáveis, capazes de aumentar o nível de condicionamento geral do atleta. E caracterizado por uma intensidade de trabalho entre 60 a 80% do máximo.
3. Recuperativo - Caracteriza-se por apresentar estímulos reduzidos e um número maior de dias de repouso, possibilitando uma adequada recuperação metabólica ativa.
4. Recuperativo de Apoio - Reduz consideravelmente os ritmos de perda de preparo do atleta, assegurando com isto a recuperação efetiva dos sistemas que ficam num estado reprimido.
5. Choque - Este tipo de microciclo caracteriza o ápice da aplicação de carga de um mesociclo. Este ápice pode ser de volume se o mesociclo for da fase básica ou de intensidade no caso de estar localizado na fase específica. As cargas de trabalho variam entre 80-l00% do máximo.
6. Estabilizador - É aplicado com o objetivo de assegurar a estabilidade do estado do organismo do atleta.
7. Preparatório de Controle - Combina-se o trabalho de treinamento com a participação em competições de controle e a execução de exercícios de teste. De acordo com os resultados obtidos, faz-se a correção para as etapas posteriores de preparação do atleta.
8. Pré-competitivo - A tarefa deste microciclo consiste em assegurar o estado de prontidão otimizada corrente para o dia das competições, graças à mobilização de todas as capacidades potenciais do atleta, acumuladas no processo de preparação precedente, e a adaptação às condições específicas destas competições. O microciclo pré-competitivo inclui alguns últimos dias antes das competições principais.
9. Competitivo - Não possui estrutura pré determinada. O regulamento e a forma de competição é que estipularão como serão ordenadas as atividades do ciclo. A performance passa a ter prioridade absoluta e todas as ações serão realizadas buscando a eficácia máxima.